Lista das possíveis dúvidas e contradições nos livros de 1° e 2° Reis.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Dúvidas e “contradições” dos livros de 1° e 2° Reis.

Segue-se abaixo uma lista das possíveis dúvidas e supostas contradições ocorrentes nos livros de 1° e 2° Reis. A lista está organizada em ordem de versículos.

1 Reis 7:23 – O Cálculo contido neste versículo não nos dá um valor errado de “Pi”?

Isso não é um erro. O registro bíblico das diversas medidas de diferentes partes do templo não tem necessariamente o propósito de nos fornecer cálculos precisos do ponto de vista da ciência ou da matemática. Antes, as Escrituras simplesmente nos fornecem uma razoável aproximação. O arredondamento de números ou o registro de valores e medidas de forma aproximada era uma prática comum nos tempos antigos, quando não se fazia uso de cálculos científicos.

1 Reis 11:1 – Por que Deus permitiu que Salomão tivesse tantas mulheres, se Ele condena a poligamia?

A monogamia é o padrão de Deus para os homens. Isso está claro nos seguintes fatos: (1) Desde o princípio Deus estabeleceu este padrão ao criar o relacionamento monogâmico de um homem com uma mulher, Adão e Eva (Gn 1:27; 2:21-25). (2) Esta ficou sendo a prática geral da raça humana (Gn 4:1), seguindo o exemplo estabelecido por Deus, até que o pecado a interrompeu (Gn 4:23). (3) A lei de Moisés claramente ordena: “Tampouco para si multiplicará mulheres” (Dt 17:17). (4) A advertência contra a poligamia é repetida na própria passagem que dá o número das mulheres de Salomão (1 Rs 11:2): “Não caseis com elas, nem casem elas convosco”. (5) Jesus reafirmou a intenção original de Deus ao citar a passagem (Mt 19:4) e ao observar que Deus “os fez homem e mulher” e os juntou em casamento. (6) O NT enfatiza que “cada um tenha a sua própria esposa, e cada uma, o seu próprio marido” (1 Co 7:2). (7) De igual forma, Paulo insistiu que líder da Igreja deveria ser “esposo de uma só mulher” ( 1 Tm 3:2; 12). Na verdade, o casamento monogâmico é uma prefiguração do relacionamento entre Cristo e sua noiva, a Igreja (Ef 5:31-32).

A poligamia nunca foi estabelecida por Deus para nenhum povo, sob circunstância alguma. De fato, a Bíblia revela que Deus puniu severamente aqueles que a praticaram, como se pode ver pelo seguinte: (1) A primeira referência à poligamia ocorreu no contexto de uma sociedade pecadora em rebelião contra Deus, na qual o assassino “Lameque tomou para si duas esposas” (Gn 4:19, 23). (2) Deus repetidamente advertiu os polígamos quanto às conseqüências de seus atos: “para que o seu coração se não desvie” de Deus (Dt 17:17; cf. 1 Rs 11;2). (3) Deus nunca ordenou a poligamia – como o divórcio, ele somente a permitiu por causa da dureza do coração do homem (Dt 24:1; Mt 19:8). (4) Todo praticante da poligamia na Bíblia, incluindo Davi e Salomão (1 Cr 14:13), pagou um alto preço por seu pecado. (5) Deus odeia a poligamia, assim como o divórcio, porque ela destrói o seu ideal para a família (cf. Ml 2:16).

Em resumo, a monogamia é ensinada na Bíblia de várias maneiras: (1) pelo exemplo precedente, já que Deus deu ao primeiro homem apenas uma mulher; (2) pela proporção, já que as quantidades de homens e mulheres que Deus traz ao mundo são praticamente iguais; (3) por preceito, já que tanto o AT como o NT a ordenam (veja os versículos acima); (4) pela punição, já que Deus puniu aqueles que violaram o seu padrão (1 Rs 11:2); e (5) por prefiguração, já que o casamento de um homem com uma mulher é uma tipologia de Cristo e sua noiva, a Igreja (Ef 5:31-32). Apenas porque a Bíblia relata o pecado de poligamia praticado por Salomão, não significa que Deus a aprove.

1 Reis 11:4 – À luz do pecado de Davi com Bate-Seba, como poderia esta passagem dizer que o coração dele era fiel para com o Senhor?

Temos de lembrar sempre que a aceitação de alguém por Deus não se baseia nas obras de tal pessoa, mas na graça do Senhor. Davi não era um homem segundo o coração de Deus devido a quaisquer atos de justiça que tivesse praticado. Antes, o coração de Davi era fiel ao Senhor seu Deus por causa de sua fé em Deus. O versículo diz literalmente: “e o seu coração [de Salomão] não era de todo fiel para com o Senhor seu Deus, como fora o de Davi, seu pai”.

O contraste entre Salomão e Davi encontra-se no fato de que, enquanto Salomão foi seduzido por suas mulheres a adorar outros deuses, Davi adorou apenas o Deus de Israel. Embora Davi tivesse cometido alguns pecados muito graves, ele nunca adorou nem serviu outros deuses. O seu coração foi completamente fiel ao Senhor, e a sua fé foi considerada como justiça.

1 Reis 18:27 – Por que Elias foi abençoado por ridicularizar os profetas de Baal, se a Bíblia nos compele a usar palavras amáveis para com os nossos inimigos?

Primeiro, é necessário destacar que o texto não aprova especificamente cada palavra que Elias proferiu. Apenas diz que Deus respondeu suas orações, de forma a sustentar a sua posição, enviando fogo para consumir o sacrifício e depois acabar com os profetas de Baal (v.38).

Além disso, pode-se argumentar que Elias não violou nenhuma dessas exortações das Escrituras. Em parte alguma é dito na Bíblia que Elias odiou os profetas de Baal, ou que os tenha amaldiçoado. Quanto à alegada zombaria que ele fez, isso foi sem dúvida algo sarcástico, mas não fora dos limites de um uso forçado, porém legítimo, de ironia.

A mesma passagem que nos exorta a sempre falarmos uma palavra “agradável”, acrescenta também que ela pode ser “temperada com sal”. Esse talvez tenha sido um exemplo de uma observação bem salgada. De qualquer modo. Não há indicação de que Elias tenha agido com malícia.

Por fim, o seu ato foi benevolente no sentido de que salvou a vida daqueles que foram testemunhas dessa maravilhosa intervenção de Deus.

1 Reis 22:22 – Como Deus poderia usar “espíritos mentirosos” para fazer sua vontade se ele proíbe a mentira?

Vários fatores devem ser considerados para entendermos esta situação. Primeiro, trata-se de uma visão. Como tal, é uma visão de uma cena no céu, que procura explicar a autoridade soberana de Deus com imagens de sua posição como Rei. Segundo, toda a encenação disso representa Deus com a ampla autoridade que ele possui, de forma que até mesmo os espíritos malignos aparecem como estando sujeitos ao controle final de Deus. Terceiro, o Deus da Bíblia, em contraste com os deuses das religiões pagãs, soberanamente está no controle de todas as coisas, inclusive de forças malignas que ele usa para realizar os seus bons propósitos (cf. Jó 1-3). Quarto, a Bíblia às vezes fala de Deus “endurecer” o coração das pessoas ou ainda de enviar-lhes a “operação do erro, para darem crédito à mentira” (2 Ts 2:11). Entretanto, examinando com mais cuidado o texto, descobrimos que Deus agiu assim somente nas pessoas que por si mesmas tinham endurecido o seu coração (Êx 8:15) e que não haviam dado “crédito à verdade” (2 Ts 2:12).

Para resumir, Deus não está aprovando a mentira. Ele simplesmente a está utilizando para cumprir seus propósitos. Deus não está promovendo a mentira, mas permitindo que ela venha trazer juízo sobre o mal.

Isso significa que o Senhor, visando os seus propósitos de justiça, permitiu que Acabe fosse enganado por um espírito maligno, por meio do qual Deus sabia, segundo a sua onisciência, que a sua soberana e boa vontade acabaria sendo realizada.

2 Reis 2:23-24 – Como poderia um homem de Deus amaldiçoar aqueles 42 jovens, de forma que eles fossem despedaçados por ursas?

Em primeiro lugar, essa não foi uma ofensa assim tão pequena, porque os jovens trataram Elizeu com desprezo. Como o profeta era a boca com a qual Deus falava ao seu povo, o próprio Deus estava sendo maldosamente insultado na pessoa do seu profeta.

Segundo, eles não eram crianças pequenas e inocentes. Eram jovens maldosos, comparáveis às gangues de ruas dos dias de hoje. Daí, a vida do profeta foi exposta ao perigo pelo grupo, que era numeroso, pela natureza do seu pecado e pelo óbvio desrespeito que eles demonstraram à autoridade de Eliseu.

2 Reis 6:19 – Eliseu não mentiu às tropas sírias que vinham para capturá-lo?

Não se trata propriamente de uma mentira. As tropas sírias tinham sido enviadas a Dotã para capturar Eliseu. O Senhor então os cegou, Eliseu saiu da cidade para encontrar-se com eles. O que o profeta lhes disse foi: “Não é este o caminho, nem esta a cidade”. Se Eliseu saiu da cidade, Dotã não seria mais o caminho que os soldados teriam de seguir para capturá-lo, e aquela não seria mais a cidade para onde deveriam ir. O profeta também os instruiu: “Segui-me, e guiar-vos-ei ao homem que buscais”. Também isto era verdade. Eliseu os conduziu a Samaria e, quando chegaram, o Senhor abriu-lhes os olhos e eles viram Eliseu e que estavam em Samaria.

2 Reis 9:7 – Como pôde Deus condenar Jeú por derramamento de sangue, se o Senhor mesmo lhe ordenara que exterminasse a casa de Acabe?

Deus aprovou Jeú por obedecê-lo na destruição da casa de Acabe, mas condenou-o pelo motivo pecaminoso pelo qual ele derramou o sangue. Embora 2 Reis 10:30 afirme que Deus disse que ele procedera corretamente ao matar os parentes de Acabe, o versículo anterior observa que “não se apartou Jeú de seguir os pecados de Jeroboão... dos bezerros de ouro...”. O versículo 31 afirma ainda que Jeú “não teve cuidado de andar de todo o seu coração na lei do Senhor Deus de Israel”. Obviamente, já que Jeú adorou outros deuses e não andou segundo a Lei de Deus, ele não destruiu a família de Acabe em decorrência de sua devoção ao Senhor.

2 Reis 14:29 – Os mortos estão dormindo ou estão conscientes?

O primeiro grupo de versículos refere-se ao corpo e o segundo, à alma. “Dormir” é uma apropriada figura de linguagem para a morte do corpo, já que ela é apenas temporária, esperando pela ressurreição, quando o corpo será despertado de seu sono. Além disso, tanto no sono como na morte a pessoa tem a mesma postura, ou seja, fica deitada.

A Bíblia é muito clara a respeito de fato de que a alma do crente (espírito) sobrevive após a morte (Lc 12:4), que ela está conscientemente presente com o Senhor (2 Co 5:8), num lugar melhor (Fp 1:23), onde outras almas estão conversando (Mt 17:3) e até mesmo orando (Ap 6:9-10). Analogamente, a alma do incrédulo vai para um lugar de tormento consciente (Mt 25:41; Lc 16:22-26; Ap 19:20-20:15).

2 Reis 17:4 – Como poderia este versículo mencionar um rei do Egito chamado “Sô”, se não há registro algum de que tal rei tinha existido?

O nome que é traduzido por “” pode ser traduzido também por “Sais”, que era o nome da cidade (capital) de Tefnakht, rei do Egito no tempo em que Oséias reinava em Israel. Assim, a redação correta desta passagem seria: “[Oséias] enviara mensageiros a Sais, ao rei do Egito”. (A TLH apresenta a redação alternativa: “ao rei do Egito, em Sais”). A palavra “” na Bíblia não é o nome do rei do Egito, mas da cidade que era a capital do reino do Egito. Portanto não há erro algum.

1 Comment:

Evan de Andrade said...

O erro de Salomão, não foi em ter mais de uma mulher, mas sim ter muitas e estrangeiras. Contrariando as recomendações e advertências do Altíssimo. Dá pra imaginar a danação de tanta mulher e a diversidade de idolatria – como é hoje.
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Em correta interpretação, podemos contextualizar Deuteronômio 17:17. Trata na verdade de uma recomendação AOS REIS, assim como, Paulo a fez aos Bispos. Veja que não foi ao povo em geral, mas somente aos Líderes. Afinal como uma pessoa teria tanto tempo para cuidar do povo do Todo-poderoso e de muitas esposas e filhos.
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Quando o Criador fez o primeiro casal; os leões não comiam carne, as folhas não caiam no chão, os homens não envelheciam e nem morriam. Mas, depois que o casal desobedeceu ao Altíssimo. Tudo mudou! Até Deus mandou matar uma ovelha. Portanto, Gênesis 1:27 e 2:21-25 não se coaduna com a nova realidade. E tão pouco, essa passagem, se refere à monomania – simplesmente diz; “... homem e mulher os criou”. Essa regulamentação também não se aplicará a Nova Jerusalém em que tudo vai mudar, outra vez, e todos os salvos serão irmãos – nada de marido e mulher.
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O pecado irrompeu a raça humana, ao contrario do texto acima, não foi na ocasião da fuga de Lameque e suas esposas Ada e Zilá, mas sim quando Adão e Eva desobedeceram ao Pai Eterno e comeram o fruto da árvore proibida. Da forma como o autor do texto acima interpreta a Bíblia, podemos dizer que Caim matou Abel por causa da monomania - Gn 4:1.

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Escrito por Evan de Andrade – Apenas um estudante / evandeandrade@gmail.com – (98) 99448790