Lista das possíveis dúvidas e contradições ocorrentes no livro de Rute

terça-feira, 29 de julho de 2008

Dúvidas e “contradições” de Rute.

Segue-se abaixo uma lista das possíveis duvidas e supostas contradições ocorrentes no livro de Rute. A lista esta organizada em ordem de versículos.

Rute 3:7 – Este versículo não dá a entender que Rute manteve uma relação sexual com Boaz, depois de ele embriagar-se, a fim de obrigá-lo a resgatá-la?

Não! Nada há no texto de Rute que indique alguma impropriedade moral tanto por parte de Boaz como de Rute. Primeiro, Rute não foi à noite para esconder um ato imoral com Boaz. Não, ela foi à noite para que Boaz não sofresse a pressão de passar por um escrutínio por parte do povo. Boaz teria a oportunidade de declinar da proposta de resgatar Noemi e casar-se com Rute sem ter de enfrentar qualquer tipo de constrangimento diante das pessoas.

Segundo, a menção de que ela “lhe descobriu os pés” não é um eufemismo com o fim de suavizar a informação de que Rute mantivera relações sexuais com Boaz. Não, esta é a descrição literal de uma prática comum naquela época para demonstrar submissão e sujeição. Rute simplesmente descobriu os pés dele como um símbolo de sua submissão a Boaz e de seu desejo de tornar-se sua esposa.

Terceiro, a passagem relata que depois de ter descoberto os pés de Boaz, Rute “se deitou”. Entretanto, esta não é uma maneira de se dizer que houve um ato sexual. A expressão que usualmente é empregada neste sentido é: “ele se deitou com ela”. Sem esta expressão “com alguém”, a frase denota simplesmente o ato de se reclinar.

Quarto, o fato de Boaz ter estendido a sua capa sobre Rute foi também um ato simbólico. Isto refere-se à pratica de um homem estender sobre sua esposa a sua coberta. Rute lembra Boaz da responsabilidade que ele tinha de acordo com a lei do levirato (Dt 25:5-10). Em Rute 3:10 há um paralelo com o que aconteceu no primeiro encontro de Rute com Boaz (2:12). Neste versículo é dito que Rute tinha ido buscar refúgio “sob as asas” do Deus de Israel; agora ela está buscando refúgio sob as asas de Boaz.

Rute 4:3-8 – O procedimento de Boaz e Rute não estaria em desacordo com a lei do levirato?

Embora tenha sido um caso um pouco mais complicado, o procedimento de Boaz, Noemi e Rute certamente não estava em desacordo com o que a lei do levirato estabelecida. O primeiro propósito do casamento pelo levirato era perpetuar a linha familiar daquele que morreu. Alguns fatores indicam que no tempo de Boaz e Rute já eram comuns alguns acréscimos ao que a lei do levirato originalmente estabelecera. Primeiro, se não havia um irmão vivo na família, então a obrigação do casamento ficava com o parente mais próximo do falecido.

No caso em questão, havia um parente mais próximo do que Boaz da família de Noemi. Entretanto, quando ele não aceitou o convite, Boaz tornou-se o homem com grau de parentesco mais próximo, enquadrando-se na condição de ser aquele que legalmente teria de cumprir aquela obrigação moral.

Segundo, junto com a responsabilidade de gerar filhos no nome do falecido, havia ainda a responsabilidade de resgatar qualquer propriedade que pertencia ao que morrera e que tivesse sido vendida ou confiscada (Lv 25:25). Como o parente mais próximo não estava em condições de assumir tal responsabilidade (Rt 4:6), ele declinou desse direito e dessa responsabilidade de resgatar Noemi e casar-se com Rute, passando tais obrigações a Boaz. Nada há no resgate de Noemi nem no casamento de Boaz com Rute que esteja em desacordo com a lei do levirato.

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