Lista das possíveis dúvidas e contradições nos livros de 1° e 2° Crônicas.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Dúvidas e “contradições” dos livros de 1° e 2° Crônicas.

Segue-se abaixo uma lista das possíveis dúvidas e supostas contradições ocorrentes nos livros de 1° e 2° Crônicas. A lista está organizada em ordem de versículos.

1 Crônicas 5:22 – Como pôde um Deus de paz guerrear?

Conduzir uma guerra e ser um Deus de bondade e de paz não são coisas necessariamente incompatíveis. Não haveria paz no mundo se Deus não se opusesse ao mal. De fato, a paz de Deus é agora disponível a todos os que crêem, porque Ele conduziu uma guerra contra as forças do mal – uma guerra que culminou na cruz, onde o sangue do Filho de Deus foi derramado. Por fim, o inimigo será lançado no lago de fogo, derrotado. Às vezes a guerra é necessária para proporcionar uma paz duradoura.

Porque Deus é bom, Ele nunca conduz uma guerra de uma maneira não correta. Porque Ele é o Deus de paz, guerreia apenas contra os inimigos da paz. Deus é o Deus da guerra porque venceu as forças do mal que queriam trazer para todas as pessoas a destruição espiritual eterna.

1 Crônicas 9:1 – O que aconteceu com o desaparecido “livro dos reis”?

Os profetas, de maneira geral, constituíram um grupo de pessoas com um certo nível educacional, que sabiam ler e escrever. Samuel até mesmo liderou um “grupo de profetas” (1 Sm 19:20). Nada mais natural para eles do que, como educadores da moral em Israel, manter registro dos eventos e também das profecias que Deus lhes ia concedendo. Assim, os escritos de Ido, o vidente, podem ter sido registros normais (i.e, não inspirados) que ele manteve (2 Cr 9:29).

Além disso, não é rara a ocorrência de livros inspirados da Bíblia citarem livros não inspirados. O apóstolo Paulo citou até mesmo poetas pagãos (At 17:28; 1 Co 15:33; Tt 1:12). Isso não significa que tais citações seriam inspiradas, mas simplesmente que aqueles autores proferiram uma verdade que o profeta ou apóstolo incorporou em seu escrito inspirado.

2 Crônicas 7:8-10 – Por que Salomão não fez jejum, como a lei determinava?

Em primeiro lugar, não se pode depreender dos textos que Salomão tenha deixado de cumprir o jejum determinado no livro de Levítico. O texto declara que Salomão celebrou durante “catorze” dias (1 Rs 8:65). É bem possível que no Dia da Expiação, o décimo dia do sétimo mês, ele tenha mantido jejum.

Além disso, para sermos precisos, o livro de Levítico não usa a palavra “jejum”. Ele diz simplesmente que as pessoas deveriam afligir a sua alma (Lv 16:29). Isso poderia significar conduzir a celebração com apropriada solenidade, não sendo o caso de não se comer nada. A passagem proíbe o trabalho (v.29), mas realmente nada diz quanto a jejum, embora seja este o sentido tradicionalmente dado àquela frase na história dos judeus.

Finalmente, mesmo que se pudesse demonstrar que Salomão não tenha comprido a Lei corretamente, isso provaria apenas que ele teria cometido uma erro por não cumprir o jejum. Isso não mostraria que a Bíblia errou, mas estaria registrando o que Salomão fez na verdade.

2 Crônicas 7:12ss – Deus habita num determinado templo?

Deve-se observar, antes de mais nada, que na verdade Deus não prometeu a Salomão que “habitaria” naquele templo. Ele disse apenas tê-lo escolhido como uma “casa de sacrifício” (2 Cr 7:12), onde o seu “nome” estaria perpetuamente (v.16).

Além disso, quando a Bíblia fala que Deus está em alguma coisa, isso não quer dizer que a sua natureza infinita possa ser contida (1 Rs 8:27) por tal coisa, mas simplesmente que Ele se faz presente ali de uma maneira especial, para abençoar ou para manifestar-se ao seu povo. Geralmente isso era expresso na forma de uma teofania (Is 6:1), ou como uma nuvem de glória (Êx 40:34). Mas de forma alguma o Deus transcendente das Escrituras pode ser compreendido pelas paredes de qualquer edifício construído pelo homem (cf. Is 40:21-22).

2 Crônicas 14:9 – Como entender a referência que este texto faz a Zerá, o etíope, se dele não há registro histórico algum?

Não é um erro. É verdade que até agora não se dispõe de registros extra bíblicos acerca de Zerá, o etíope. Entretanto, simplesmente por isso não se pode concluir que o registro bíblico esteja incorreto. Pôr em dúvida a precisão histórica da Bíblia com base no silêncio de fontes extra bíblicas é apegar-se a um raciocínio errado. O que tem acontecido é que críticos têm duvidado da existência de muitos personagens da Bíblia, sendo refutados com novas descobertas arqueológicas e históricas (por exemplo, a respeito da existência dos heteus e de Sodoma e Gomora).

2 Crônicas 21:12 – Como Elias poderia ter enviado uma carta para Jeorão rei de Judá muito depois de sua partida para o céu?

Elias foi trasladado num certo dia durante o reinado de Jorão, filho de Acabe, que reinou em Israel de cerca de 852 a 841 a.C. Jeorão, filho de Josafá, reinou em Judá de 848 a 841 a.C. Portanto, como Elias somente foi trasladado num certo dia durante o reinado de Jorão de Israel, é perfeitamente razoável que ele tenha enviado aquela carta a Jeorão de Judá.

2 Crônicas 33:10-17 – Por que o arrependimento de Manassés é registrado aqui, mas nenhuma menção disso é feita no livro de 2 Reis?

Aparentemente o autor de 2 Reis não registrou o arrependimento de Manassés pelo fato de isso ter tido pouca influência no constante declínio da nação. O livro de 2 reis concentra-se primariamente nas ações do povo da aliança de Deus como um todo. O arrependimento e as reformas de Manassés pouco contribuíram para que a nação deixasse o seu caminho em direção ao juízo, ao passo que a sua liderança pecaminosa no princípio do seu reinado causou muito mais danos à nação. Até mesmo na passagem de 2 Crônicas encontramos esta afirmativa: “Contudo o povo ainda sacrificava nos altos, mas somente ao Senhor seu Deus” (2 Cr 33:17).

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