Lista das possíveis dúvidas e contradições do Livro de Números parte 1

terça-feira, 29 de abril de 2008

Duvidas e “contradições” de Números.
Segue-se abaixo uma lista das possíveis duvidas e supostas contradições ocorrentes no livro de Números. A lista esta organizada em ordem de versículos.

Números 1:1 – Como atribuir a Moisés a autoria de Números, se há críticos que afirmam que este livro foi escrito séculos depois da morte de Moisés?
Os críticos não possuem nenhuma evidência real para o que declaram, nem histórica nem literária. O fato de Moisés ter usado diferentes termos para referir-se a Deus (Elohim, Jehovah [Yahveh]) não prova suas afirmações. Cada nome de Deus nos informa uma característica de sua pessoa que está de acordo com a narrativa em que é usado.
Além disso, há uma forte evidência de que foi Moisés quem escreveu o livro de Números. Primeiro, há toda a evidência de que um livro reflete um conhecimento detalhado, e de primeira mão, acerca do tempo, dos lugares e dos costumes do período que ele abrange – o que Moisés possuía.
Segundo, neste livro há afirmação de que ele foi escrito por Moisés (1:1; 33:2). Se Moisés não fosse realmente o seu legítimo autor, isso faria com que o livro todo se constituísse numa enorme fraude.
Terceiro, há várias citações no livro de Números que são associadas a Moisés (At 7,13; 1 Co 10:2-8; Hb 3:7-16). Se não fosse Moisés o autor do livro de Números, então estes inspirados livros do NT estariam incorrendo em erro também.
Quarto, nosso Senhor citou do livro de Números o evento da serpente que foi levantada no deserto, e constatou que foi de fato Moisés quem a levantou (Jo 3:14; cf. Nm 21:9). Isso coloca o selo da autoridade de Cristo na autenticidade questionada.

Números 5:13-22 – A Bíblia não encoberta uma superstição aqui?
O texto não diz que a diferença na condição de culpa da mulher tinha uma causa química ou biológica. De fato, ele mostra que a causa era espiritual e psicológica. A “culpa” não constitui uma causa física. A razão por que o ventre de uma mulher culpada incharia pode ser facilmente explicada pelo que cientificamente se sabe sobre condições psicossomáticas (a mente agindo sobre o corpo). Muitas mulheres já passaram por uma “falsa gravidez”, quando seu estômago e seus seios se desenvolvem sem estarem grávidas. Há quem já tenha até passado por cegueira, por causas psicológicas. Experiências com placebos (pílulas contendo apenas açúcar, sem medicamento algum), têm mostrado que muitas pessoas com doenças terminais obtêm com eles o mesmo alívio que é dado pela morfina. Assim, é um fato científico que a mente pode ter um grande efeito nos processos do corpo humano.
Bem, dado que o texto diz que a mulher era posta em “juramento” perante Deus com ameaça de maldição (v.21), caso fosse realmente culpada, a água amargosa podia funcionar mais ou menos como um detector psicossomático de mentiras. A mulher que acreditava que seria amaldiçoada e que sabia ter culpa assim seria afetada. Mas aquelas que sabiam que eram inocentes, não se afetariam.
Além disso, o texto não diz que qualquer pessoa tenha de fato tomado aquela água e ficado com o estômago inchado. Ele simplesmente diz “se” (cf. vv. 14, 28) a mulher estiver em tal situação, então isso resultará. Sem dúvida apenas a crença de que tal coisa pudesse acontecer e de que isso demonstraria sua culpa certamente convenceria a mulher culpada de nem mesmo querer se sujeitar a esse processo.

Números 11:31-34 – Como Deus trazer juízo sobre o povo, por eles comerem as codornizes que ele mesmo havia providenciado?
É necessário ver o juízo de Deus à luz dos eventos que o provocaram. De fato, o texto indica que eles estavam agindo como pessoas que haviam sofrido alguma desgraça. Números 11:1 diz: “Queixou-se o povo de sua sorte aos ouvidos do Senhor; ouvindo-o o Senhor, acendeu-se-lhe a ira”. Era uma rejeição direta das provisões de Deus para eles. Aparentemente, tinham se esquecido da escravidão da qual haviam sido libertos. Tal atitude desagradou a Deus, que trouxe juízo sobre eles, como um ato de disciplina.
No versículo 4, lemos que o povo começou a reclamar de novo porque queriam comer carne em lugar do maná que Deus lhes vinha dando. Aparentemente não haviam aprendido a lição, e sua atitude desagradou a Deus de novo. De fato, o versículo 10 diz: “e pareceu mal aos olhos de Moisés”. Deus trouxe um juízo disciplinador sobre eles mais uma vez; desta vez dando-lhes exatamente aquilo que pediram. Em resposta a ingratidão e desobediência demonstradas, Deus disse a Moisés para falar ao povo: “Pelo que o Senhor vos dará carne e comereis... até vos sair pelos narizes, até que vos enfastieis dela, porquanto rejeitastes ao Senhor, que está no meio de vós, e chorastes diante dele, dizendo: Por que saímos do Egito?” (Nm 11:18-20).
Mesmo depois dessa advertência, eles não mudaram sua atitude. O versículo 32 diz que quando Deus trouxe as codornizes: “Levantou-se o povo todo aquele dia, e a noite, e o outro dia, e recolheram as codornizes”. A cobiça e a atitude impenitente do povo fez com que viesse o juízo de Deus sobre eles. O versículo 34 declara: “Pelo que o nome daquele lugar se chamou Quibrote-Hataavá, porquanto ali enterraram o povo que teve o desejo das comidas dos egípcios”. Dessa forma, Deus não trouxe juízo sobre o povo por terem comido as codornizes, mas por causa de seu coração cheio de desejo e ingratidão.

Números 14:29 – Se quase todos os homens de vinte anos para cima morreram no deserto, por que os seus túmulos nunca foram encontrados?
Porque o povo foi condenado a peregrinar pelo deserto, as condições eram tais que eles não tinham como construir túmulos que pudessem suportar as más condições climáticas da região nem a devastação de feras selvagens. Provavelmente os túmulos eram apenas covas de pouca profundidade, logo abaixo da areia, ou cobertos com areia grossa. Conseqüentemente, nem os locais desses túmulos nem os esqueletos dos que foram enterrados puderam ser preservados.

Números 21:9 – A feitura da serpente de bronze não teria sido uma forma de idolatria?
Em primeiro lugar, o mandamento contra a feitura de “imagens de escultura” foi um mandamento proibindo fazer ídolos. Deus não ordenou que Moisés fizesse um ídolo para o povo adorar, mas que fizesse um símbolo para o qual eles poderiam olhar com fé e assim serem curados. Posteriormente, o povo fez daquele símbolo um ídolo. Mas isto não faria com que o símbolo se tornasse algo mau. Afinal, até a Bíblia tem sido adorada como um ídolo. Mas isso não quer dizer que Deus pretendia que ela se tornasse um ídolo.
Além disso, nem todas as “imagens” são ídolos. A arte religiosa contém imagens, mas estas em si não são ídolos, a menos que sejam veneradas ou adoradas. Deus instruiu Moisés a fazer também querubins (anjos) para a arca, mas eles não eram ídolos. Há uma diferença entre uma representação dada por Deus como um símbolo (por exemplo, o pão e o vinho na Ceia do Senhor) e um ídolo fabricado pelo homem (veja os comentários de Êxodo 25:18).

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