Lista das possíveis dúvidas e contradições do Livro de Deuteronômio parte 2

terça-feira, 29 de abril de 2008

Deuteronômio 18:10-22 – Como distinguir os falsos profetas dos verdadeiros profetas?
Há muitos testes para detectar um falso profeta. Muitos desses critérios estão listados nas páginas deste Livro. Colocando em forma de perguntas, podemos usar como teste para uma pessoa tida como profeta:
1. Ele profetizou alguma coisa que não se cumpriu? (Dt 18:21)
2. Ele faz contato com espíritos de mortos? (Dt 18:11)
3. Ele faz uso de meios de adivinhação? (Dt 18:11)
4. Ele se envolve com médiuns e feiticeiros? (Dt 18:10)
5. Ele segue falsos deuses ou ídolos? (Êx 20:3-4; Dt 13:2, 3)
6. Ele nega a divindade de Jesus Cristo? (Cl 2:8-9)
7. Ele nega a humanidade de Jesus Cristo? (1 Jo 4:1-2)
8. Suas profecias desviam o foco central da pessoa de Jesus Cristo? (Ap 19:10)
9. Ele advoga a abstenção de certos alimentos e carnes, por razões de ordem espiritual? (1 Tm 4:3)
10. Ele reprova ou nega a necessidade do casamento? (1 Tm 4:3)
11. Ele promove a imoralidade? (Jd 7)
12. Ele encoraja o legalismo caracterizado por renúncias auto-impostas? (Cl 2:16-23)

Deuteronômio 23:19 – Por que a usura (receber juros) foi proibida para os judeus em alguns casos e não em outros?
Primeiro, a alteração feita em Deuteronômio em relação ao que Êxodo estabelecia foi necessária porque as circunstâncias mudaram. Talvez tenha sido porque veio a se mostrar difícil determinar quem deveria ser considerado pobre. Assim, considerou-se necessário estender a proibição a todos os hebreus. Se assim não fosse, nenhum pobre teria chance alguma de conseguir um empréstimo, pois os empréstimos acabariam sendo feitos somente àqueles que pagassem juros.
É claro, a usura não foi proibida em relação aos estrangeiros (não judeus), mas somente em relação a irmãos (outros judeus). Se isso parece ser discriminatório, é apenas porque as leis que proibiam a usura em relação aos pobres (ou em relação aos irmãos) constituíam um ato de benevolência estabelecido por Deus, e não precisamente uma questão de negócios. Quando se trata de negócios, tem-se direito a um razoável lucro pelo investimento feito. Como o risco da perda (pelo não pagamento) do empréstimo concedido precisa ser coberto, é justo pagar ao investidor uma certa quantia pelo risco.

Deuteronômio 24:1-4 – O ensino de Moisés quanto ao divórcio é contrário ao ensino de Jesus e de Paulo?
Seria um erro admitir que as afirmações de Moisés tenham dado uma sanção divina ao divórcio. A passagem apresenta uma situação hipotética que tinha grande probabilidade de acontecer entre o povo. Ela simplesmente diz que se um homem se divorciar de sua mulher por causa da impureza dela, e se ela casar-se novamente com outro, e se esse seu novo marido morrer ou dela se divorciar, não é permitido ao primeiro marido recebê-la de volta. Não se trata de uma aprovação ao divórcio. Pelo contrário, é o reconhecimento do fato do divórcio e a aplicação de uma regulamentação concernente ao casamento pela segunda vez.
Como Jesus disse em Marcos 10:5, Moisés concedeu o divórcio e deu tal preceito “por causa da dureza” do coração deles, mas não é este o ideal de Deus. O plano perfeito de Deus para o casamento sempre foi o do compromisso entre o marido e a mulher por toda a vida. Não há contradição entre o ensino de Moisés e o ensino de Jesus e de Paulo. Moisés simplesmente reconheceu o fato do divórcio, ao passo que Jesus e Paulo apresentaram o ideal de Deus para o casamento, como foi desde o princípio.

Deuteronômio 24:16 – Como pode esta passagem estabelecer que os filhos não seriam mortos por causa dos pecados de seus pais, se há casos em que isso ocorreu, segundo outras passagens?
Primeiro, a passagem de Deuteronômio refere-se a um preceito estabelecido, pelo qual o sistema legal de Israel funcionaria quando eles se estabelecessem na terra prometida. Segundo Esse preceito, os tribunais humanos não teriam o direito de aplicar pena de a morte em filhos de pais culpados, se os filhos também não fossem pessoalmente culpados do crime cometido. Entretanto, o que restringe o poder dos tribunais humanos não restringe os direitos nem a autoridade de Deus.
Segundo, as Escrituras não dizem que o filho de Davi foi punido por causa do pecado de seu pai. O que elas dizem é que Davi foi punido por meio da morte de seu filho (2 Sm 12:14). Caso se considere que a morte do filho foi um modo injusto de punir Davi, deve-se lembrar que Davi confiou na justiça de Deus quando disse, com fé, com relação à criança que ele tinha perdido: “Eu irei a ela, porém ela não voltará para mim” (2 Sm 12:23). Davi creu que Deus a havia levado para si ao céu e que ele mesmo, Davi, estaria com ela quando morresse. Deus sempre age de acordo com a sua justiça, e as restrições que Ele estabeleceu para os homens, como esta, são para que os homens não venham a perverter a justiça.

Deuteronômio 30:6 – É Deus quem circuncida o coração, ou seria Israel que teria de circuncidar seu próprio coração?
A verdade é que na salvação há tanto um papel ativo como um papel passivo para os homens. Nós somos ativos no receber a dádiva de Deus, mas não fomos ativos no ato da dádiva em si. Numa postura ativa, submetemos o nosso coração a Deus, mas não estamos sendo ativos na salvação de nosso coração.
Em resumo, mesmo sendo ativos em receber ou aceitar a salvação, nós não fizemos absolutamente nada para proporcionar e realizar a nossa salvação. Muito embora aquele que é salvo de um perigo é ativo ao receber a corda da salvação, não obstante ele é passivo no processo de ser resgatado pelo salvador, que o puxa pela corda. De igual modo, nós ativamente nos submetemos a uma cirurgia que pode salvar a nossa vida, mas somos totalmente passivos em tudo o que o médico faz, somos passivos às suas habilidades para a salvação da nossa vida. A situação pode ser sintetizada como se segue:
Nosso Papel Ativo na Salvação - Nosso Papel Passivo na Salvação
Recebendo a dádiva - No conceder a dádiva
Submetendo-nos à salvação - Sendo Salvo
Crendo - Sendo redimido
Aceitando a Salvação - Realizando a Salvação

Deuteronômio 34:10 – Este versículo dá suporte à alegação muçulmana de que Jesus não poderia ter sido o profeta predito (em Deuteronômio 18:18)?
Em resposta, algumas coisas poderiam ser observadas. Primeiro, o “nunca mais” significa desde a morte de Moisés até o tempo em que este último capítulo foi escrito, provavelmente por Josué. Mesmo que Deuteronômio tenha sido escrito muito mais tarde, como acreditam alguns críticos, ainda assim ele teria sido composto muitos séculos antes do tempo de Jesus e, portanto, não eliminaria Cristo.
Segundo, Jesus foi o perfeito cumprimento dessa profecia, e não Maomé.
Terceiro, este texto não poderia referir-se a Maomé, já que o profeta que viria seria como Moisés, que fez “todos os sinais e maravilhas... por mando do Senhor” (Dt 34:11). Maomé, conforme ele mesmo confessou, não realizou sinais e maravilhas como fizeram Moisés e Jesus (veja Sura 17:90-93).Finalmente, o Profeta que viria seria como Moisés, que falou com Deus “face a face” (Dt 34:10). Maomé nunca alegou ter falado com Deus diretamente, mas obteve a sua revelação através de anjos (cf. Sura 2:97). Jesus, por outro lado, como Moisés, foi um mediador direto (1 Tm 2:5; Hb 9:15), que se comunicava diretamente com Deus (cf. Jô 1:18; 12:49).

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