Lista das possíveis dúvidas e contradições do Livro de Êxodo parte 1

terça-feira, 29 de abril de 2008

Duvidas e “contradições” de Êxodo.
Segue-se abaixo uma lista das possíveis duvidas e supostas contradições ocorrentes no livro de Êxodo. A lista esta organizada em ordem de versículos.

Êxodo 1:15-21 – Como Deus poderia abençoar as parteiras hebréias, se elas desobedeciam a autoridade governamental (Faraó), estabelecida por Deus, e a ela mentiam?
Não há duvida de que as parteiras desobedeciam a Faraó, por não matarem os meninos hebreus recém-nascidos e por mentirem para Faraó com a história de que sempre chegavam tarde demais para cumprirem suas ordens. Não obstante, há uma justificativa moral para o que elas fizeram. Primeiro, o dilema moral em que as parteiras se achavam era inevitável. Ou elas obedeceriam à lei maior de Deus, ou obedeciam à obrigação secundária de se sujeitarem a Faraó. Em lugar de cometerem um deliberado infanticídio das crianças de seu própio povo, as parteiras decidiram desobedecer às ordens de Faraó.
Deus nos ordena que obedeçamos à autoridade governamental, mas Ele nos ordena também que não assassinemos ninguém (Ex 20: 13). A salvação de vidas inocentes é uma obrigação maior do que a obediência ao governo. Quando o governo nos ordena a matar vítimas inocentes, não devemos obedecer. Deus não considerou as parteiras responsáveis, nem assim Ele nos tratará sempre que a questão for não obedecer a uma obrigação menor para atender a uma lei maior (cf. At 4; Ap 13). No caso das parteiras, a lei maior referia-se à preservação da vida dos recém-nascidos.
Segundo, o texto claramente afirma que Deus as abençoou “porque as parteiras temeram a Deus” (Ex 1:21). E foi o temor que elas tiveram por Deus que as levou a fazer o que quer que fosse necessário para salvar vidas inocentes. Assim, a falsa desculpa delas a Faraó foi uma parte essencial do esforço que despenderam para salvar vidas.
Terceiro, a mentira delas é comparável com sua desobediência a Faraó, para salvar a vida de recém-nascidos inocentes. Este era um caso em que as parteiras tiveram de optar entre mentir ou serem compelidas a matar bebês inocentes. Aqui também elas decidiram obedecer à lei moral maior. A obediência aos pais faz parte da lei moral (cf. Ef 6:1). Mas se um pai ou uma mãe dá ordens ao filho para assassinar uma pessoa ou para adorar um ídolo, ele tem de recusar-se a obedecer. Jesus enfatizou a necessidade de obedecer à lei moral superior quando disse:
“Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim” (Mt 10:37).

Êxodo 4:21 – Se foi Deus que endureceu o coração de Faraó, por que este foi então considerado responsável?
Deus não endureceu o coração de Faraó contrariamente ao que o própio Faraó por sua livre vontade determinou. A Escritura deixa claro que Faraó endureceu o seu coração. Ela declara que o “o coração de Faraó se endureceu” (Êx 8:19), que Faraó “continuou de coração endurecido” (Êx 8:15) e que “o coração de Faraó se endureceu” (Êx 8:19). Novamente, quando Deus enviou a praga das moscas, “ainda esta vez endureceu Faraó o coração” (Êx 8:32). Esta frase, ou uma equivalente é repetida vez após vez (cf. Êx 9:7, 34-35). De fato, exceto quando Deus predisse o que aconteceria (Êx 4:21), Faraó foi quem endureceu o seu própio coração em primeiro lugar (Êx 7:13; 8:15; 8:32 etc.), e só mais tarde Deus o endureceu (cf. Êx 9:12; 10:1, 20, 27).
Além disso, o sentido em que Deus endureceu o coração de Faraó é semelhante ao modo pelo qual o sol endurece o barro ou derrete a cera. Se Faraó tivesse sido receptivo às advertências de Deus, o seu coração não teria sido endurecido por Deus. Mas quando Deus dava alívio de cada praga, Faraó tomava vantagem da situação. “Vendo, porém, Faraó que havia alívio, continuou de coração endurecido, e não os [a Moisés e Arão] ouviu, como o Senhor tinha dito” (Êx 8:15)
A questão pode ser resumida como se segue: Deus endurece o coração?
Deus não endurece o coração - Deus endurece o coração
Inicialmente - Subseqüentemente
Diretamente - Indiretamente
Contra o livre arbítrio da pessoa - Por meio do própio livre arbítrio
Como sua causa - Como seu efeito

Êxodo 5:2 – Quem foi o Faraó de Êxodo?
(Tudo depende da data). Conquanto muitos eruditos da atualidade tenham proposto uma data superior para o evento do êxodo, de 1270 a 1260 a.C., há evidências suficientes para se dizer que não é necessário se aceitar essa data. Uma explicação alternativa nos fornece um melhor relato de dados históricos, e coloca o êxodo por volta de 1447 a.C.
Primeiro, as datas bíblicas para o êxodo o colocam nos anos em torno de 1400 a.C., já que 1 Reis 6:1 declara que ele ocorreu 480 anos antes do quarto ano do reinado de Salomão (o que foi por volta de 967 a.C.). Isso colocaria o êxodo por volta de 1447 a.C., de acordo com Juízes 11:26, que afirma que Israel passou 300 anos na terra, até o tempo de Jefté (o que foi cerca de 1000 a.C.).
De igual modo, Atos 13:20 diz ter ávido 450 anos de juízes, de Moisés a Samuel, sendo que este último viveu por volta de 1000 a.C. O mesmo ocorre com respeito aos 430 anos mencionados em Gálatas 3:17, abrangendo o período de 18000 a 1450 a.C. (de Jacó a Moisés). O mesmo número é usado em Êxodo 12:40. Todas essas passagens indicam uma data em torno de 1400 a.C., como os críticos afirmam.
Segundo, John Bimson e David Livingston propuseram uma revisão da data tradicionalmente atribuída ao fim da Idade do Bronze Média e início da Idade do Bronze Avançada, de 1550 para um pouco antes de 1400 a.C. A Idade do Bronze Média caracteriza-se por cidades grandemente fortificadas, cuja a descrição se enquadra muito bem com o relato que os espias trouxeram a Moisés(Dt 1:28). Isso significa que a que a conquista de Canaã se deu por volta de 1400 a.C. Como as Escrituras afirmam que Israel vagueou pelo deserto por cerca de 40 anos, isso dataria o êxodo por volta de 1440 a.C., totalmente de acordo com a cronologia bíblica. Se aceitarmos os registros tradicionais dos reinos dos Faraós, isso significaria que o Faraó do livro de Êxodo foi Amenotep II, que reinou cerca de 1450 a 1425 a.C.
Terceiro, outra possível solução, conhecida como a revisão de Velikovsky-Courville, propõe uma revisão na cronologia tradicional dos reinados dos Faraós. Velikovsky e Courville afirmam que há 600 anos a mais na cronologia dos reis do Egito. Evidências arqueológicas podem ser ajuntadas para substanciar esta proposta que de novo data o êxodo em 1440 a.C. De acordo com este ponto de vista, o Faraó nesse tempo era o rei Tom. Isto se harmoniza com a afirmação de Êxodo 1:11, de que os Israelitas foram escravizados para construírem a cidade chamada Pitom (residência de Tom). Quando a cronologia bíblica é tomada como padrão, todas as evidências arqueológicas e históricas se encaixam direitinho. (Veja Geisler e Brooks, When Skeptics Ask [Quando os Cépticos Questionam], Victor Books, 1990, cap. 9.)

Êxodo 6: 26-27 – É verdade que alguém mais, além de Moisés, escreveu estes versículos?
Esta passagem, que começa no versículo 14 do capítulo 6, é um relato objetivo e histórico das genealogias dos ancestrais de Moisés e Arão. Nesse tipo de redação, o costume é o autor, quando faz referência a si mesmo, usar a terceira pessoa. Muitos escritos antigos seguem essa maneira de relatar fatos históricos, tais como Gallic Wars (Guerras Gaulesas) e Civil Wars (Guerras Civis), de Júlio César. Com efeito, ficaria algo estranho se, no meio deste registro histórico, Moisés tivesse escrito: “Foi a Arão e a mim que o Senhor disse...”; ou: “Arão e eu fomos falar com Faraó...” Para as futuras gerações dos leitores hebreus, Moisés queria que o seu registro genealógico ficasse bem claro, de forma que ninguém se equivocasse quanto à identidade e origem daquele que Deus escolhera para libertar Israel da escravidão do Egito.

Êxodo 7:11 – Como é que os sábios e encantadores de Faraó puderam realizar os mesmos atos de poder que Deus ordenara a Moisés para fazer?
A Bíblia indica que uma das táticas de Satanás no seu esforço de enganar a humanidade é empregar falsos milagres (veja Ap 16:14). Êxodo 7:11 afirma: “Faraó, porém, mandou vir os sábios e encantadores; e eles, os sábios do Egito, fizeram também o mesmo com as suas ciências ocultas”. Cada um dos versículos semelhantes afirma isso com palavras equivalentes. A passagem declara que os feitos dos magos de Faraó eram feitos com as suas “ciências ocultas”, com seus encantamentos.
Alguns comentaristas dizem que o que os magos fizeram eram apenas fraudes. Talvez os magos tivessem encantado cobras, tornando-as enrijecidas, deixando-as com aparência de varas. Quando lançadas no chão, elas teriam saído do seu transe, movendo-se como serpentes. Alguns dizem que aqueles foram atos de Satanás, que realmente fez com que as varas dos magos se tornassem cobras. Isso, entretanto, não é plausível, em vista do fato que só Deus pode criar vida, como até mesmo os magos posteriormente reconheceram (Êx 8:18).
Qualquer que seja a explicação que se possa dar àqueles feitos, um ponto em comum prevalece em cada relato e é encontrado no próprio texto. Está claro que, seja por que poder aqueles atos foram realizados, não foi pelo poder de Deus. Eles foram realizados por meio de “suas ciências ocultas”. O propósito de tais atos era de convencer Faraó que seus magos possuíam tanto poder quanto Moisés e Arão, e que não era necessário que Faraó se rendesse ao seu pedido para deixar ir o povo de Israel. Isso funcionou pelo menos nos três primeiros encontros (a vara de Arão, a praga do sangue e a praga das rãs). Entretanto, quando Moisés e Arão, pelo poder de Deus, fizeram aparecer piolhos do pó da terra, os magos não conseguiram realizar esse milagre. Puderam apenas dizer: “Isto é o dedo de Deus” (Êx 8:19). Há vários pontos pelos quais se pode discernir a diferença entre um sinal satânico e um milagre de Deus:
Milagre de Deus - Sinal satânico
Sobre natural - Fora do normal
Ligado à verdade - Ligado ao erro
Associado com o bem - Associado com o mal
Nunca relacionado com o ocultismo - Normalmente associado com o ocultismo
Sempre bem-sucedido - Às vezes falha
Estas diferenças podem ser vistas nas passagens de Êxodo mencionadas. Embora os magos aparentemente puderam transformar suas varas em serpentes, suas serpentes foram devoradas pela de Arão, indicando por superioridade por parte deste. Embora os magos puderam transformar água em sangue, eles não conseguiram reverter o processo. Embora eles tenham podido fazer aparecer rãs, não puderam livrar-se delas. Os seus atos foram atos fora do comum mas não sobrenaturais.Conquanto os magos não tenham podido copiar alguns dos milagres de Moisés e Arão, seus propósito estava ligado ao engano. Basicamente eles copiaram os milagres feitos pelos homens escolhidos por Deus com o objetivo de convencer Faraó de que o Deus dos hebreus não era mais poderoso do que os deuses do Egito. Embora os magos de Faraó tenham sido capazes de copiar os três primeiros milagres realizados por Deus, através de Moisés e Arão, chegou um momento em que os seus encantos não mais foram capazes de imitar o poder de Deus.

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