Lista das possíveis dúvidas e contradições do Livro de Levítico

terça-feira, 29 de abril de 2008

Duvidas e “contradições” de Levítico.
Segue-se abaixo uma lista das possíveis duvidas e supostas contradições ocorrentes no livro de Levítico. A lista esta organizada em ordem de versículos.

Levítico 11:5-6 – Como pode a Bíblia afirmar que o arganaz e a lebre ruminam, se hoje a ciência sabe que eles não ruminam?
Embora estes dois animais não ruminem, no sentido moderno e técnico desta expressão, para um observador, eles de fato têm um comportamento que faz parecer que estejam ruminando. Assim, eles foram relacionados junto com outros animais que de fato ruminam para que qualquer um pudesse distingui-los como imundos, pelo critério da observação.
Os animais que ruminam são identificados como ruminantes; eles trazem de volta o alimento até a boca para ser novamente mastigado. Os ruminantes normalmente tem quatro estômagos. Nem o arganaz das rochas (traduzido como querogrilo na R-IBB), nem a lebre são ruminantes, e sob o ponto de vista científico realmente não ruminam. Entretanto, estes animais movem o queixo de tal maneira, que é como se estivessem ruminando. Este hábito neles é tão convincente, que um grande cientista sueco, Linnaues, de início os tinha classificado como ruminantes.
Sabe-se agora que as lebres praticam o que se chama “reflexão”, processo em que certos alimentos vegetais indigestos absorvem certas bactérias e são engolidos e depois comidos de novo. Este processo permite que a lebre possa digeri-los com maior facilidade e é muito semelhante à ruminação. Assim, a frase hebraica “porque rumina” não deve ser tomada no sentido científico moderno, mas no sentido antigo de haver um movimento que, nas palavras de hoje, tanto pode ser a ruminação como a reflexão.
A relação de animais puros e imundos destinava-se a ser um meio prático para os israelitas distinguirem o que deveriam ou não comer. O israelita daquela época seguramente não conhecia os aspectos técnicos da ruminação, e poderia então considerar o organaz e a lebre como puros por parecer ruminar. Em vista disto, foi necessário destacar que, embora tivessem a aparência de ruminantes, estes animais eram imundos por não terem as unhas fendidas.
Hoje em dia, também agimos de forma semelhante quando falamos com pessoas que não têm familiaridade com certos aspectos técnicos de alguma coisa. Por exemplo, usamos a linguagem aparente do pôr-do-sol e do sol nascente, especialmente quando falamos com crianças. Para uma criança, o ciclo diário do sol é como se ele se levantasse e se pusesse a cada dia. A descrição não é tecnicamente correta, mas é adequada ao nível de conhecimento da criança.
Isto é o que acontece no texto de Levítico 11:5-6. Embora o arganaz e a lebre não sejam animais ruminantes, esta colocação era adequada para aquele tempo, de forma a deixar bem claro que aqueles dois animais eram considerados imundos.

Levítico 12:5, 7 – Sendo a maternidade uma bênção de Deus, por que depois do parto as mães tinham de trazer um sacrifício a Deus, para se purificarem?
Alguns consideram que tal sacrifício seria apenas simbólico, porém, mesmo assim ele teria de simbolizar algo que fosse literalmente verdadeiro. Parece melhor fazermos uma distinção entre o ofício da maternidade em si e a maternidade num mundo decaído. Deus criou uma mulher para Adão e ordenou que eles tivessem filhos (Gn 1:27-28). Nesse sentido original e primitivo, a maternidade é pura e limpa.
Infelizmente, desde a queda de Eva (com Adão), a maternidade não é mais isenta da mácula do pecado. Davi confessou: “em pecado me concebeu minha mãe” (SL 51:5). Já que a maternidade, como qualquer outra coisa neste mundo decaído, estava sujeito ao pecado, ela também necessitava de purificação. Afinal de contas “a lavoura dos ímpios é pecado” (Pv 21:4, ARC) num mundo decaído. Como conseqüência da queda, toda mulher gera filhos em meio às dores (Gn 3:16). É conveniente, então, que as mulheres sejam lembradas da graciosa provisão de Deus para elas e por meio delas, oferecendo um sacrifício pelo nascimento de um filho.

Levítico 13: 47-59 – Como pode a Bíblia dizer que a roupa ficou com lepra?
É simplesmente uma confusão de termos. A doença que nos dias de hoje se chama “lepra”, também conhecida como “mal de Hansen”, não é o mesmo tipo de infecção descrita no AT e que foi traduzida como “lepra”. A doença hoje identificada como lepra é causada por uma bactéria e não produz os mesmos sintomas descritos em várias passagens do AT.
O termo hebraico tsaraath, traduzido por “lepra”, é um termo que tem um sentido mais amplo, abrangendo todo tipo de doença da pele e todo sinal de infecção ou deterioração na superfície de objetos inanimados.
A deterioração nas vestimentas, e nos murros das casas (como em Levítico 14:33-57) provavelmente era devida ao ataque de algum tipo de fungo ou mofo, que age sobre esses materiais. As vestimentas infectadas eram queimadas (Lv 13:52). As casas infectadas eram limpas. Se a infecção não pudesse ser erradicada, as casas eram então demolidas e suas ruínas levadas para fora da cidade (Lv 14:45).

Levítico 16:6-22 – Por que Deus estabeleceu o procedimento do bode emissário, e o que isso representa?
O procedimento do bode emissário não nos fornece uma figura distorcida nem descabida da redenção. Cada um dos dois animais mencionados na descrição dos procedimentos a serem feitos no Dia da Expiação representa um aspecto da Obra realizada por Cristo, quando Ele, de uma vez por todas, fez a expiação por nossos pecados.
O primeiro bode era morto e o seu sangue, derramado (Lv 16:15), representando a morte substitutiva de Cristo e o derramamento do seu sangue por nossos pecados. O sumo sacerdote tinha então de tomar o bode emissário, confessar os pecados de Israel sobre a cabeça daquele bode, e enviá-lo para o deserto. Isso representava o efeito de levar embora, para sempre, os pecados de Israel, e simbolizava a Obra de Cristo, que era levar para sempre os nossos pecados, como Isaías profetizou: “mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos” (53:6).
Os vários aspectos da Obra de Cristo na redenção são simbolizados pelo que os dois animais desempenham do Dia da Expiação, cada um com o seu papel.

Levítico 18:22 – As leis contra o homossexualismo foram abolidas paralelamente às leis que proibiram comer carne de porco?
As leis contra as práticas homossexuais não são apenas cerimoniais. Simplesmente porque a proibição do homossexualismo encontra-se em Levítico, isso não significa que essa fizesse parte da lei cerimonial que perdeu a validade.
Em primeiro lugar, se a lei contra o homossexualismo fosse uma lei meramente cerimonial (e daí abolida), então o estupro, o incesto e a bestialidade também não seriam práticas moralmente erradas, já que elas são reprovadas no mesmo capítulo da condenação do homossexualismo (Lv 18:6-14;22-23).
Em segundo lugar, os pecados homossexuais entre os gentios foram também condenados por Deus (Rm 1:26), e os gentios não tinham leis cerimoniais (Rm 2:12-15). Foi precisamente por esta razão que Deus trouxe juízo aos cananeus (Gn 19:13, 25).
Em terceiro lugar, mesmo na lei judaica levítica havia uma diferença na penalidade imposta a quem violasse a lei cerimonial de não comer carne de porco nem camarão (que era alguns dias de isolamento) e a quem praticasse o homossexualismo (que era a pena de morte), conforme Levítico 18:29.Em quarto lugar, Jesus alterou as leis alimentares do AT (Mc 7:18; At 10:15), mas as proibições morais contra o homossexualismo continuam ainda prescritas para os crentes no NT (Rm 1:26-27; 1Co 6:9; 1 Tm 1:10; Jd 7).

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